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Xikunahity (Futebol de cabeça)

O Xikunahity ou Jikunahati (pronuncia-se Zikunariti, na linguagem dos Paresi, e Hiara na língua dos Enawenê Nawê) é um jogo, parecido com o futebol, em que o "chute" só pode ser dado usando a cabeça.


É um jogo praticado apenas por homens, tradicionalmente, pelos Paresi, Manoki, Nambikwara e os Enawenê-Nawê, no Mato Grosso. As mulheres dessas etnias praticam o Tihimore, um jogo de arremesso com bola.


O Xikunahity é disputado por duas equipes que podem possuir oito, dez ou mais atletas, e um capitão. É realizada em campo de terra batida, para que a bola ganhe impulso. A bola, feita artesanalmente, possui entre 12 e 14 centímetros de diâmetro, e é feita de seiva da mangabeira.


Durante o jogo, a bola não pode ser tocada com as mãos, pés ou outra parte do corpo, mas pode tocar o chão antes de ser rebatida pela outra equipe. A equipe que arremessa a bola marca um ponto se o jogador oponente não conseguir rebatê-la de volta com a cabeça. Não há traves de gol para onde cabecear a bola.


O jogo tem duas formas de organização: jogam entre si as equipes formadas por jogadores que são parentes, e equipes formadas por jogadores com parentesco distante. De modo geral as partidas acontecem entre aldeias diferentes, e podem levar dias ou mesmo semanas até se definir o time vencedor. Tradicionalmente, cada partida envolve apostas pagas com arco e flecha, braceletes, cestaria, cocares e colares.


O Xikunahity possui estreita relação com o mito de origem do povo Paresi Haliti, no qual um ser superior orientou a forma com que o povo, que saíra da fenda de uma pedra, deveria viver e, em seguida, reuniu todos para jogar com a bola produzida do látex de Mangaba. Na tradição dos Paresi, Wazáre, o primeiro de seu povo, já saiu ensinando os demais a jogarem o Xikunahity, mostrando significativamente que é a cabeça que deve dominar o corpo.


Por ser uma prática tradicional, ligada à espiritualidade e a cultura de diferentes etnias, o Xikunahity está presente nos Jogos dos Povos Indígenas apenas como demonstração.


Essas práticas, segundo Andrade (2009), que não há condições de normatização, por serem restritas a determinados grupos, desenvolveram-se sob forma de demonstração. A organização dos Jogos possibilita que: "Todos os povos que possuem em sua cultura atividades esportivas tradicionais ou mesmo outras, desconhecidas pela comissão organizadora, poderão realizar suas apresentações" (Andrade, 2009, p. 33).



 

Referências


ALMEIDA, Arthur José Medeiros de. IX jogos dos povos indígenas: registro da memória. In.: PINTO, Leila Mirtes Santos de Magalhães; GRANDO, Beleni Saléte (Orgs.) Brincar, Jogar, Viver: IX jogos dos povos indígenas. Secretaria Nacional de Desenvolvimento de Esporte e de Lazer SNDEL, 2009. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/236470


FUNDAÇÃO NACIONAL DOS POVOS INDÍGENAS - FUNAI. Especial da Copa: Jikyonahati, o futebol de cabeça praticado por comunidades indígenas do Mato Grosso. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2022-02/especial-da-copa-jikyonahati-o-futebol-de-cabeca-praticado-por-comunidades-indigenas-do-mato-grosso


FUNDAÇÃO NACIONAL DOS POVOS INDÍGENAS - FUNAI. No Dia do Futebol, conheça o jikunahati, o cabeçabol. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2022-02/no-dia-do-futebol-conheca-o-jikunahati-o-futebol-de-cabeca

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