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O skate é uma atividade recreativa e esportiva, na qual uma pessoa equilibra-se em pé sobre uma pequena prancha com rodas. Considerado um esporte radical (uma prática de aventura), o skate profissional conta com diversas competições, que variam de acordo com os objetivos. Segundo a Confederação Brasileira de Skateboarding (CBSK), as modalidades oficiais, registradas pela entidade, são:


Dessas, as mais famosas são o Skate Vertical (Vert) e o Skate de Rua (Street). O skate vertical (ou vert) envolve acrobacias aéreas realizadas em half-pipes, originalmente construídos para imitar piscinas vazias.



Já o estilo de rua apresenta manobras executadas em ambientes urbanos reais ou simulados, com escadas, corrimões, beiradas e outros obstáculos.


Os primeiros skates (ou skateboards) comerciais surgiram em 1959, mas versões caseiras rudimentares, muitas vezes consistindo apenas de rodas de patins antigos presas a uma prancha de madeira, foram construídas no início do século XX. No início dos anos 1960, fabricantes de skate como Makaha e Hobie tentaram capitalizar a crescente popularidade do surf, promovendo o skate, então conhecido como "surf de calçada", como uma diversão alternativa quando não havia ondas para surfar.


Em 1963, a Makaha formou a primeira equipe profissional de skate, e no mesmo ano foi realizada a primeira competição de skate em Hermosa, Califórnia, com provas de estilo livre e slalom downhill - modalidade que consiste em descer ladeiras e realizar manobras conhecidas como slides. A popularidade inicial do skate diminuiu nos anos seguintes devido às limitações de realizarem manobras no skate e aos alertas de profissionais de segurança sobre os perigos da atividade.


Durante a década de 1970, após o desenvolvimento da roda de poliuretano, o skate volta a se popularizar. Essas novas rodas, somadas a introdução da cauda levantada - a parte traseira elevada da prancha -, possibilitaram uma melhor execução de manobras. A moda se espalhou pelo mundo, e revistas de skate ajudaram a promover tanto o esporte quanto jovens skatistas inovadores como Tony Alva e Stacey Peralta. 


O primeiro skatepark (parque de skate) foi construído na Flórida em 1976, e muitos outros começaram a surgir na América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia, oferecendo uma variedade de rampas e pistas com obstáculos. Foi nessa época que os skatistas começaram a usar piscinas vazias e a explorar o potencial "vertical" do esporte. Essas piscinas vazias logo deram lugar aos half-pipes: superfícies de pilotagem em forma de U utilizadas para executar acrobacias aéreas.


Na década de 1980, os skatistas começaram a construir suas próprias rampas e half-pipes e começaram a usar ambientes urbanos, criando o que ficou conhecido como estilo de rua. O aumento do tamanho da prancha e a melhoria das construções de trucks - ou eixos basicamente são peças de metal que ficam encarregadas de fazer as curvas do skate na direção em que se inclina o corpo. Os primeiros eixos foram originários de patins, que eram muito estreitos e fracos para skate - ajudaram o novo estilo a prosperar.


Nesta mesma época, as gravações de vídeos transformaram em estrelas os skatistas de vert Tony Hawk e Steve Caballero e os skatistas de rua Natas Kaupas e Mark Gonzalez. Além disso, a criação de grandes competições, como o X-Games -um festival de esportes alternativos patrocinado pela rede de televisão a cabo ESPN e realizado pela primeira vez em 1995 -, deram ao esporte uma enorme exposição e, principalmente, legitimidade comercial.


No Brasil, porém, nem sempre o skate foi bem-visto e benquisto... Não se sabe ao certo quando aconteceu sua chegada em terras brasileiras, entretanto, acredita-se que foi trazido por surfistas e skatistas norte-americanos, ainda na década de 1960.


Até a década de 1980, o skate era praticado livremente pelas ruas do Brasil. Em um levantamento histórico, Honorato (2013) apresenta que em 1975 aconteceu o primeiro campeonato de skate brasileiro, na Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro), e em 1976,  foi inaugurada a primeira pista de skate da América Latina em Nova Iguaçu/RJ, evento que popularizou, ainda mais, a atividade no sudeste brasileiro.


Entretanto, a prática do skate em São Paulo, no final dos anos 1980, esteve sujeita a uma série de restrições legais, culminando em sua proibição total, por decreto municipal, em 1988.



A medida, imposta pelo então prefeito Jânio Quadros, representava uma tentativa de controle sobre o espaço urbano e os comportamentos juvenis considerados desviantes. A proibição, além de evidenciar um conflito geracional, refletia uma visão conservadora sobre o uso do espaço público e a cultura dos jovens da época, pós fim do período de Ditadura Militar.





A reação dos skatistas, organizados em manifestações, demonstrou a força do movimento e a importância do skate como expressão cultural e forma de ocupação do tempo livre. Foi somente com a eleição de Luiza Erundina, em 1988, que aconteceu a revogação da lei que proibia a prática do skate.


Nos anos de 1990, o skate já contava com uma federação internacional, mas a conquista da tão sonhada inclusão olímpica exigiu mais de duas décadas de espera. Comparado aos desafios enfrentados no passado, como a proibição em São Paulo, o cenário atual é radicalmente diferente. Ídolos, música, moda e a expansão de skateparks impulsionaram o esporte a novos patamares, transformando-o em um fenômeno global e olímpico.


Após uma proibição, chegamos a 2024, na segunda edição de Jogos Olímpicos com a presença do Skate, com atletas brasileiros conquistando medalhas, como é o caso da Rayssa Leal, medalhista nas edições de 2020 e 2024.


"Anatomia" do Skate

O skate teve sua estreia olímpica em Tóquio 2020 em duas modalidades: park e street. Na modalidade park, os competidores deslizam por bowls e curvas, realizando manobras aéreas de alta dificuldade. A pontuação é definida pela combinação de altura, velocidade e variedade dos truques, além da utilização eficiente de toda a área da pista.


Já no street, a competição se assemelha a um percurso urbano, com escadas, corrimãos e obstáculos que simulam o ambiente onde o skate nasceu. Os skatistas são avaliados pela fluidez das linhas, pela dificuldade das manobras e pela execução de cinco truques específicos.


 

Referências:


CARRANÇA, Thais. Como skate no Brasil foi da proibição às medalhas olímpícas. In.: BBC News Brasil em São Paulo, 2024. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cpd9pgynzzjo


FREITAS, Armando; BARRETO, Marcelo. Almanaque Olímpico: 1896, 2024. Comitê Olímpico do Brasil, 2024.


HONORATO, Tony. A esportivização do skate (1960-1990): relações entre o macro e o micro. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 35, n. 1, p. 95–112, jan. 2013.


SKATE. Comitê Olímpico Internacional. Disponível em: https://olympics.com/pt/paris-2024/esportes/skateboarding

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