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Expressões vibrantes da cultura mato-grossense, os grupos de Siriri e Cururu encantam com suas danças e melodias seculares. Enraizadas nas tradições indígenas, estas manifestações acontecem nas comunidades rurais do Pantanal e dos Cerrados, colorindo a vida com sua musicalidade singular.

Viola-de-cocho, símbolo da cultura pantaneira

A viola-de-cocho, alma das apresentações, é um instrumento único, artesanalmente esculpido em um tronco de madeira inteiriça. Sua sonoridade vibrante dá vida aos ritmos contagiantes do Siriri e Cururu, conduzindo os participantes em uma viagem pelas raízes culturais do Mato Grosso.


Mais do que dança e música, o Siriri e Cururu são uma celebração da identidade, da história e da ancestralidade. Através de seus movimentos graciosos e cantos expressivos, as comunidades se unem para fortalecer seus laços e perpetuar suas tradições.


Diferente do Cururu (dança masculina), o Siriri é uma dança para todos: homens, mulheres e crianças se unem em coreografias variadas, sem regras rígidas. A alegria e a descontração são a tônica, convidando todos a entrar na roda e celebrar a vida.


A origem do Siriri, assim como nos apresenta Santos (2010), é incerta. Está ligada ao próprio processo histórico-cultural de Mato Grosso.


Luís da Câmara Cascudo (2012, p. 652) em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, diz que o Siriri foi mencionado por Max Schmidt, em seu livro Estudos de Etnologia Brasileira, em 1901:


Enquanto se dançava o cururu dentro de casa, lá fora se realizava outra espécie de dança, muito apreciada em Mato Grosso, o ciriri, acompanhado, também, por música e versos cantados. Como não se dispunha de mais instrumentos, cobriram-se algumas cadeiras com o couro à guisa de tambores e os pratos fizeram de caracachá, em que tocavam ritmicamente por meio de garfos. Dançarinos e cantadores formavam uma roda em que ia constantemente um par para o centro a dançar. A dança tinha muitas variações e os movimentos eram cada vez mais rápidos, principalmente no fim, quando os dançarinos já não vinham em par e sim cada um de per si. Um rapazola negro mostrou resistência excepcional, mas a sua companheira preta não ficava atrás em flexibilidade

Cascudo (2012, p. 652) apresenta ainda que Rossini Tavares de Lima (1957) divulgou informações sobre a dança do Siriri, onde é dançada em filas de homens e mulheres que se defrontam:


O acompanhamento é feito com tambor e reco-reco, e os tocadores desses instrumentos se colocam no centro da fileira dos dançadores. Para começar a dança, os homens, ao som do instrumental, e fazendo-se acompanhar de palmas, cantam o baixão em ai, lai, lai, lai. Logo, terminado este, um cantador joga uma quadrinha, que não demora a ser repetida por todos. E com os instrumentos a tocar, o bater de palmas, um e outro dançador saem a procurar as damas e com estas vêm num dançar cadenciado e sambando, sem lhes tocar as mãos, até o lugar de onde partiram. As damas, então, procuram outros dançadores e dessa maneira prossegue o ciriri, descrito pelo nosso informante, o qual lembra, nos passos, o samba lenço de São Paulo. Deve-se registrar que as damas ou cavalheiros que não dançam ficam a balancear

As vozes, durante a cantoria, contam histórias melancólicas ou festivas, expressando a realidade do povo pantaneiro. O ritmo contagiante e os movimentos graciosos da dança transmitem respeito à vida e o culto à amizade. Crianças, adultos e idosos se unem na celebração, seja em festas, batizados, casamentos ou mesmo em rodas improvisadas no terreiro da casa. A música simples fala da vida, da família e da importância dos amigos. Os tocadores também cantam e o público faz coro, criando uma atmosfera contagiante.


Seja em círculo ou em fila, a coreografia do Siriri é simples e envolvente. Os dançarinos batem palmas uns nos outros e respondem aos tocadores, criando um diálogo musical e gestual. A dança é uma expressão genuína da cultura pantaneira, um símbolo da identidade e da alegria desse povo.


De forma sucinta, as mulheres giram em meio ao círculo, enquanto os homens batem o pé no chão e cortejam suas parceiras.


Grupo Folclórico Flor Ribeirinha dançando a coreografia "Siriri Cuiabano" no Espetáculo Mato Grosso Dançando Brasil


Assim como apresenta Santos (2010) e podemos observar no vídeo acima, o Siriri "sai dos quintais para os palcos da cidade, estando presente nos mais distintos locais públicos e privados; principalmente no palco do Festival de Cururu e Siriri de Cuiabá" (p. 2).


 

Referências


CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 12. ed. São Paulo: Global, 2012.


FLOR RIBEIRINHA. Disponível em: http://www.florribeirinha.com.br/


SANTOS, Giordanna. Reflexões sobre a dança Siriri e processos identitários em Cuiabá-MT. In.: VI ENECULT: encontro de estudos multidisciplinares em cultura, 2010. Disponível em: http://www.vienecult.ufba.br/modulos/submissao/Upload/24456.pdf


TESAURO DE FOLCLORE E CULTURA POPULAR BRASILEIRA. Siriri (dança). Disponível em: http://www.cnfcp.gov.br/tesauro/00001769.htm

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