Desde os primórdios da humanidade, conhecimentos, crenças e costumes foram sendo repassados de geração em geração, sofrendo alterações e adaptações, mas mantendo algumas características essenciais. Dentre essas características que sempre acompanharam a humanidade, podemos citar as lutas corporais.
[...] as lutas configuram-se como um dos elementos da cultura corporal, dada sua importância nos mais diversos períodos históricos e pela perspectiva da sua produção com base na realidade social concreta, sendo essa ação elemento singular do gênero humano e que, por isso, se diferencia da ação instintiva do atacar e defender dos animais (REIS et al., 2013, p. 110-111)
O processo de formação de civilizações e de sociedades, em sua grande maioria, foi marcado por guerras. Uma grande nação deveria ter um grande e treinado exército, preparado para vencer qualquer batalha. Nessa perspectiva, surgem os primeiros tipos de técnicas de combate corporal que, posteriormente, se transformaram nas diferentes lutas (Greco-Romana, Kalaripait, Kung fu, etc) e nos primeiros profissionais dessas técnicas (os Gladiadores, os Samurais, etc). Os Gladiadores, por exemplo, tão representados em filmes na atualidade, além de soldados durante o período de guerra, tornavam-se parte de espetáculos violentos, oferecidos para a população, que aconteciam dentro de enormes arenas.
Ao mesmo tempo em que todas as civilizações possuíam um exército treinado em combates corporais, prontos para guerra, cada civilização possuía técnicas e estilos de combates corporais próprios. Assim, compreendemos que cada tipo de luta é uma manifestação dotada de trajetória singular, criada pela humanidade conforme seus interesses sociais, culturais, políticos, econômicos e filosóficos nos vários períodos históricos (REIS et al., 2013).
Andrade, Cardoso e Carneiro (2023, p. 3), ao se esforçarem em produzir um texto que apresentasse “aos estudantes do Ensino Médio os conceitos, pressupostos e principais manifestações da Cultura Corporal”, sistematizaram um quadro com algumas das várias modalidades e estilos de Lutas presentes no mundo, fruto das transformações e criações culturais de cada sociedade:
Fonte: Imagem retirada do texto Para entender a cultura corporal: uma introdução para estudantes de ensino médio (Andrade; Cardoso; Carneiro, 2023, p. 11)
Reis et al. (2013) apresentam que os professores de Educação Física, comumente relatam dificuldades ao trabalharem com esse conteúdo em suas aulas, como a falta de materiais, roupas e espaços adequados, a falta de vivência cotidiana/acadêmica e a preocupação com a violência, que para muitos ainda é algo intrínseco à prática das lutas.
Neste sentido, as lutas precisam estar na escola, numa perspectiva de formação de um sujeito histórico, possibilitando o acesso de seus conhecimentos históricos, filosóficos e técnicos, ao invés de uma perspectiva de formação de atletas/lutadores.
Referências:
ANDRADE, Leonardo Carlos de; CARDOSO, Gabriel Garcia Borges; CARNEIRO, Fernando Henrique Silva. Para entender a cultura corporal: uma introdução para estudantes de ensino médio. Motrivivência, v. 35, n. 66, p. 01-22, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2023.e94901.
REIS, A. P. et al. O MMA como “nova” face da luta espetáculo. In.: REIS, A. P. et al. (Orgs.). Pedagogia Histórico-Crítica e Educação Física. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2013.
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