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Kobu-Do

Atualizado: 25 de nov. de 2023

O Kobu-Do de Okinawa - ou somente Kobu-Do - é um termo japonês que pode ser traduzido como “Caminho das Antigas Artes Marciais de Okinawa”. Nas artes marciais de origem japonesa, o ideograma "Do" possui um significado muito profundo, por isso, recomendamos a leitura do texto sobre Judô, publicado anteriormente, para melhor compreensão desse conceito.


Okinawa é a principal ilha do arquipélago conhecido como Ryukyu, parte integrante do Japão. Essa arte marcial refere-se, de maneira geral, às armas tradicionais de Okinawa, principalmente o Bo, Sai, Tonfa, Kama, Eku e Nunchaku (SHINZATO; BUENO, 2007).


Definir sua origem é algo muito difícil pois a maior parte dos documentos escritos sobre essa arte marcial foram destruídos em incêndios e bombardeios ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial. Na versão mais aceita pelos historiadores, as restrições impostas aos camponeses de Okinawa, proibindo-os de carregar armas, fez com que fossem criados modelos de luta usando as ferramentas agrícolas para possíveis necessidades de defesa e combate.


O sistema Matayoshi de Kobu-Do foi formado através do trabalho de dois grandes - e importantes - instrutores, pai e filho, que dedicaram suas vidas a esta arte: sensei Shinko Matayoshi e seu filho, sensei Shimpo Matayoshi. Existem cinco princípios da Academia Shishu-Kan que regem a prática tanto do Kobu-Do, quanto do Karatê-Do:


  • Reigui (cortesia);

  • Shisei (sinceridade);

  • Doryokyu (esforço);

  • Sekinin (responsabilidade);

  • Meiryo (alegria).


No Brasil, o Kobu-Do é trazido pelo mestre Shikan Akamine (1920-1995) quando, a convite de Okinawa Kyokai, no ano de 1958, desembarca em terras brasileiras para realizar demonstrações da arte marcial. Akamine, em 1959, fundou a Associação Brasileira de Karatê (ABK), em São Paulo. Na ABK, Akamine ensinou caratê e Kobu-Do, além de praticar sua arma preferida, o Bo. Em 1964 (época do golpe e posterior ditadura militar), Akamine é afastado da presidência da ABK por problemas políticos, quando passa a lecionar em sua residência até o ano de 1971. Sensei Akamine é lembrado por ter sempre reforçado que na vida é necessário ter mentalidade aberta e estar pronto para aprender sempre mais.


Kama

A Kama é uma foice tradicional, e é considerada como uma das mais difíceis de aprender a manejar, devido ao perigo inerente à prática com tal arma. No ponto em que a lâmina se une ao cabo, normalmente, há uma concavidade, destinada à defesa constra ataque de Bo, que pode ali ficar preso; embora esta seja uma das vantagens desta arma, é também um ponto fraco em seu design (SHINZATO; BUENO, 2007, p. 13).



Bo

O Bo é uma espécie de barra que mede cerca de 1,82m (Rokushaku Bo), podendo medir também 2,80m (Kyushaku Bo) e um metro (Sanshaku Bo). Foi desenvolvido provavelmente a partir de uma ferramenta agrícola chamada Tenbin, que era uma vareta, colocada por trás dos ombros, com cestas ou sacos pendurados de cada lado. O Bo é uma das primeiras armas de Okinawa, sendo considerado o "rei" de todas elas, e é tradicionalmente feito de carvalho branco ou vermelho (SHINZATO; BUENO, 2007, p. 11).


Sai

O Sai consiste em uma espécie de pequena barra de ferro forjado, com dois grandes ganchos partindo de sua empunhadura, utilizados para defesa contra ataques de sabre. Sua ponta pode também ser afiada e servir como um estiliete; sua medida deve ser igual (nunca superior) à do antebraço do usuário. Quando só possui um gancho, é conhecido como Jitte ou Jutte (SHINZATO; BUENO, 2007, p. 12).


Nunti

O Nunti é, na verdade, a junção de duas armas: o Bo e o Sai. O Nunti pode ser visto em uma das cenas do filme "Karatê Kid 2" sendo manejado pelo oponente do Sr. Miyagi (SHINZATO; BUENO, 2007, p. 15).


Tonfa ou Tunqua

A Tonfa ou Tunqua supostamente, originou-se do cabo de uma pedra mó, utilizada para triturar grãos. É tradicionalmente feita de carvalho vermelho, e pode ser segura pela curta empunhadura perpendicular quanto pelo punho, mais longo (SHINZATO; BUENO, 2007, p. 12).


Eku

O remo feito em estilo okinawense é chamado de Eku (na verdade este nome é referente à madeira local, utilizada para a confecção de remos), Eiku, Iyeku ou Ieku. Um dos hojoundo (movimentos básicos) desta arma lida com a possibilidade de um pescador, lutando em uma praia, atirar areia no rosto de seu oponente. Embora tenha comprimento e, portanto, alcance menores que os do Bo, suas extremidades afiadas podem inflingir mais danos que este, quando utilizadas apropriadamente (SHINZATO; BUENO, 2007, p. 14).


Nunchaku

O Nunchaku é uma arma feita de dois pedaços de madeira (ou metal, em algumas concepções modernas) ligadas por uma corrente ou corda. Há muita controvérsia sobre suas origens: alguns dizem que é proveniente da China, outros que evoluiu do malho (arma antiga que possuía um cabo atado a uma bola de ferro com pobtas por uma corrente), enquanto uma das teorias propõe que foi desenvolvido a partir de freios utilizados em cavalos. O Nunchaku chinês tende a ser redondo, enquanto o japonês é octagonal, e originalmente os dois pedações de madeira eram unidos com crina de cavalo. Foi popularizado por Bruce Lee, que o utilizou em vários de seus filmes, produzidos tanto em Hong Kong quanto em Hollywood (SHINZATO; BUENO, 2007, p. 13).


No vídeo abaixo são demonstrados o uso de todas as principais armas do Kobu-Do:


Sensei Shimpo Matayoshi Kobudo Video - https://youtu.be/x8ByYFDFlJg?si=t-Z7pkbRBOKyuBY-

 

Referências:


SHINZATO, Yoshihide; BUENO, Fábio Amador. Kobu-Do: as armas antigas de Okinawa. Editora Online, 2007.


ROBERT. Sensei Shimpo Matayoshi Kobudo Video. Disponível em: https://youtu.be/x8ByYFDFlJg

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