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Kendô

O Kendô, assim como outras artes marciais de origem japonesa, possui ligeira semelhança com a origem feudal dos guerreiros samurais. O Kendô, considerado o “pai” da maioria das outras artes marciais japonesas, talvez possua maior semelhança pois mantém a característica principal desses guerreiros: a luta com as espadas.


A palavra Kendô é uma junção de duas outras palavras que, em tradução literal, significa “o caminho da espada”. Assim como já vimos, o ideograma "Do" possui um significado muito profundo, por isso, recomendamos a leitura do texto sobre Judô, para melhor compreensão desse conceito.


Não há como definir uma origem específica, um criador e uma data de criação. No final do século XII, com o estabelecimento do Shogun, em Kamakura, e o regime militar controlando o Japão, surge uma nova classe militar (os Samurais) e seu estilo de vida denominado de bushido (o caminho do guerreiro). Diferente de outros guerreiros, os samurais, além das técnicas de combate, aprendiam questões relacionadas à arte, poesia e caligrafia clássica.


Nas origens do Kendô (koryu: “velha tradição”), os katas originais baseiam-se na ideia de lutar com uma espada verdadeira até a morte (shinken-shobu). Nesse modelo, o samurai sabia que, ao iniciar o combate, só haveria três resultados possíveis: ai-uchi (morte mútua); katsu (vitória); ou make (derrota).


O Kendô começou a assumir sua forma moderna durante o século XVIII, com a introdução dos equipamentos de proteção (uma adaptação das antigas armaduras dos samurais): men, kote e , e o uso da espada de bambu, chamada de shinai. Essa adaptação possibilitou a prática do Kendô sem ocasionar ferimentos.


Segundo Craig (2009), a forma correta para empunhar o Tsuka (cabo da espada) é a partir dos seguintes esquemas:

Posição da mão no tsuka (CRAIG, 2009, p. 107)

A figura “a” mostra a distância adequada entre as mãos ao segurar o tsuka. Essa distância depende do comprimento do braço (“b” distância correta; “c” distância longa). A figura “f” apresenta a distância apropriada entre o tsuka e o dedo indicador direito, que deve ser a mesma tanto no shinai quanto na katana.

A empunhadura da mão esquerda (CRAIG, 2009, p. 107)

Nenhuma parte do tsuka deve estender-se atrás da mão esquerda. As figuras “a” e “b” representam as empunhaduras corretas da mão esquerda; as figuras “c” e “d” representam as formas incorretas.


Além da empunhadura, outra importante posição é a postura básica para combate:

Representação de seis importantes pontos de referência para uma postura centrada ao segurar um shinai (CRAIG, 2009, p. 111)

Segundo Craig (2009), “O Kendô não é um esporte [...] O Kendô é um treino que pode ser praticado, mas nunca deve ser considerado um simples jogo”.


Os diferentes waza, no Kendô, são movimentos (golpes) usados para desafiar ou derrotar seu oponente. Alguns deles são: Shomen-Uchi, Kote-Uchi, Nidan-Waza, Do-Uchi, e Debana-Waza.


O Shomen-Uchi, o golpe ao centro da cabeça, começa em issoku-it-to-no-maai e chudan-no-kamae, conforme demonstrado na figura 1. O motodashi (contendor que assume papel de instrutor em keiko) está à esquerda. O atacante (à direita) avança com seu pé direito e inicia seu ataque (figura 2).


Esquema de etapas para realização do Shomen-Uchi (CRAIG, 2009, p. 129-130)

O motodashi levanta um pouco mais seu shinai e um pouco para a esquerda (figura 3). O atacante agora levanta seu shinai sobre a cabeça empurrando para a frente a mão esquerda (posterior) e golpeia o men do motodashi (figura 4). O atacante continua avançando, levantando rapidamente o pé esquerdo (posterior) por meio do okuri-ashi, passando o motodashi pelo lado esquerdo (figura 5).


O Kote-Uchi também começa em issoku-it-to-no-maai e chudan-no-kamae, conforme mostrado na figura 1. Novamente o motodashi está à esquerda. A ação começa com o atacante tomando um pequeno passo para a frente com o pé direito, seguido pelo esquerdo (figura 2).


Esquema de etapas para realização do Kote-Uchi (CRAIG, 2009, p. 131)

O motodashi reage avançando ligeiramente e levantando um pouco o shinai para proteger o men (figura 3). O atacante agora levanta o shinai de maneira que sua mão esquerda esteja quase na mesma altura que sua fronte ou em um ponto em que ele possa apenas enxergar embaixo de seu tsuka e das mãos. No momento em que o pé direito do atacante toca o chão em seu movimento para a frente, ele simultaneamente golpeia o kote do motodashi (figura 4), assegurando de levantar rapidamente o pé esquerdo por meio do okuri-ashi.



 

Referências:


CRAIG, Darrell Max. O coração do kendô. Tradução: Fulvio Lubisco. São Paulo: Madras, 2009.

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