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Jogos dos Povos Indígenas

Carlos e Marcos Terena são os idealizadores dos Jogos dos Povos Indígenas, na busca de um novo instrumento capaz de vencer a desinformação da sociedade e combater da discriminação e preconceito com os povos indígenas.


O objetivo principal desses jogos não é o de promover o esporte de alto rendimento, que forma e seleciona atletas no intuito de serem campeões e, consequentemente, melhor que o outro. è, na verdade, o de destacar o esporte socioeducacional, como identidade das culturas originárias, capazes de promover a cidadania indígena, a integração e o intercâmbio de valores tradicionais.


Na década de 1980, os Terenas apresentaram um primeiro projeto das “olimpíadas indígenas” aos governos (federal, estaduais e municipais) em busca de apoio e recursos para produção do evento, que não conseguiram.

Pelé durante a cerimônia de abertura dos I Jogos dos Povos Indígenas - Goiânia, GO -1996

Em 1996, com a criação do então Ministério Extraordinário dos Esportes, cujo titular era o Pelé (Edson Arantes do Nascimento), o projeto tornou-se realidade quando, no dia 15 de outubro de 1996, na cidade de Goiânia-GO, foram abertos os Primeiros Jogos dos Povos Indígenas. Marcos Terena (2009b) relembra esse momento:


Começamos com o Pelé, quando ele era Ministro do Esporte: “Pelé será que dá pra gente fazer uma Olimpíada?”. Queríamos usar a expressão “Olimpíadas”, juntando 30 povos dos 230 do Brasil. A primeira experiência foi na cidade de Anhanguera em Goiânia, lá aprendemos muita coisa com os próprios parentes indígenas. Cantamos o Hino Nacional um pedaço em português, para que todos cantassem, e outro em kaigang, foi uma índia de Londrina, uma professora bilíngue.

Carlos Terena (2009a) diz que


Os Jogos dos Povos Indígenas surgiram das reivindicações das comunidades indígenas pela formulação de políticas públicas socioculturais e esportivas. Cobravam ações efetivas do governo e da sociedade civil organizada para a valorização e divulgação das manifestações de sua cultura, como a preparação de seus enfeites, plumários, desenhos, pinturas corporais, danças, cantos, instrumentos musicais e esportes tradicionais. A ideia não era somente mostrar esses elementos a toda sociedade, mas também aproximar as mais de 200 etnias indígenas existentes no Brasil (apud PINTO; GRANDO, 2009a, p. 20).

A primeira edição dos Jogos contou com a participação de cerca de 500 atletas, representando 24 etnias.


Dentre os espaços que aconteceram os Jogos de Goiânia 1996 estão o Estádio Olímpico e o Ginásio Rio Vermelho, como é possível verificar nas fotos abaixo:



Assim como já falamos, os Jogos Indígenas não possui a intenção de ser mais um evento de alto rendimento esportivo, na verdade


Os Jogos Indígenas seguem os princípios das tradições transmitidas oralmente e atualizadas de geração em geração. Os participantes não têm o objetivo de ganhar. Valorizam, sobretudo, a oportunidade de comemorar, sendo que a primeira atividade nos jogos é de caráter espiritual. Os pajés são os primeiros a entrar na arena para agradecer ao Grande Criador e pedir forças para afastar qualquer carga negativa (TERENA apud PINTO; GRANDO, 2009a, p. 20).

Todos os participantes ganham troféus e medalhas, não existe pódio e cada equipe participante tem sua própria forma de festejar o ganhar e o perder.


Anos depois da primeira edição, no ano de 2015, na cidade de Palmas (TO) foi realizada a primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Essa competição reuniu 24 etnias brasileiras e 23 povos oriundos de vários lugares do mundo: Argentina, Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Etiópia, Guatemala, México, Mongólia, Nova Zelândia, Peru, República do Congo, Uruguai e Venezuela.


Além dos jogos e esportes, há a troca de tradições e cultura entre os povos originários.



O Almanaque da Cultura Corporal inicia agora uma série de postagens relacionadas aos Jogos dos Povos Indígenas. Tentaremos apresentar algumas das modalidades, histórias e tradições presentes nos Jogos. Adiantamos que a falta de documentação nos impede de realizar, por ora, uma aprofundada pesquisa, mas, dentro das possibilidades, nos esforçaremos para tal.



 

Referências:


Laboratorio de Antropologia BioCultural (FEF-UNICAMP). Disponível em: https://www.labjor.unicamp.br/indio/galeria/main.php


TERENA, Carlos Justino. Brincar, jogar e viver indígena: a memória do sonho realizado. In.: PINTO, Leila Mirtes Santos de Magalhães; GRANDO, Beleni Saléte (Orgs.) Brincar, Jogar, Viver: IX jogos dos povos indígenas. Secretaria Nacional de Desenvolvimento de Esporte e de Lazer SNDEL, 2009a. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/236470


TERENA, Marcos. O brincar, jogar e viver indígena: os jogos para o comitê intertribal memória e ciência indígena. In.: PINTO, Leila Mirtes Santos de Magalhães; GRANDO, Beleni Saléte (Orgs.) Brincar, Jogar, Viver: IX jogos dos povos indígenas. Secretaria Nacional de Desenvolvimento de Esporte e de Lazer SNDEL, 2009b. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/236470

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