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Futebol de 5 e Futebol B2/B3

Dentre os esportes coletivos para pessoas com deficiência visual, Tosim et al. (2023) destacam o Futebol de 5 e o Goalball. De forma técnica, a deficiência visual é caracterizada por perda parcial ou total da capacidade visual, em ambos os olhos.


Segundo a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV), no Brasil há relatos que na década de 1950, cegos jogavam futebol com latas ou garrafas e, mais tarde, com bolas enroladas em sacolas plásticas.


Aqui já percebemos o princípio básico dessa modalidade esportiva: o som é o principal guia para os atletas.


Em 1978, nas Olimpíadas das APAEs, em Natal, aconteceu o primeiro campeonato de futebol com jogadores deficientes visuais no Brasil. A primeira Copa Brasil foi em 1984, na capital paulista. Contudo, o IPC - Comitê Paralímpico Internacional reconhece como primeiro campeonato entre clubes, o acontecido na Espanha, em 1986. Na América do Sul, apesar da realização de alguns torneios anteriores, o primeiro reconhecido e organizado pela IBSA foi a Copa América de Assunção, em 1997, onde o Brasil foi o grande campeão. Participaram quatro seleções: Brasil, Argentina, Colômbia e Paraguai. O primeiro Mundial aconteceu no Brasil, em 1998, em Paulínia, São Paulo. O Brasil foi o primeiro campeão ao vencer a Argentina na final. De lá pra cá o Brasil conquistou outras quatro vezes a competição, em 2000 (Espanha), 2010 (Inglaterra), 2014 (Japão) e 2018 (Espanha). A participação do Futebol de Cegos nos Jogos Paralímpicos aconteceu, pela primeira vez, em Atenas, 2004. Também, neste evento, o Brasil foi o campeão, ao superar, nos pênaltis, os argentinos por 3 a 2. A Seleção Canarinho possui mais quatro títulos paralímpicos: em Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Além dos títulos, a Seleção Brasileira foi a primeira equipe a marcar um gol em Jogos Paralímpicos. O autor do feito foi o atleta Nilson Silva, falecido em 2012 (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais).

Atualmente o futebol para pessoas com deficiência visual se divide em duas categorias:

  • O Futebol de 5 (cegos), modalidade paralímpica: para atletas que se enquadram na classificação B1;

  • O Futebol B2/B3: para atletas que se apresentam baixa visão e se enquadram nessas classificações esportivas.


Dentro do desporto para deficientes visuais, existem três classes, a partir de sua perda visual:

  • B1: cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o

  • B2: atletas com percepção de vultos;

  • B3: atletas que conseguem definir imagens.


Futebol de 5 (Futebol de Cegos)


O Futebol de 5 segue quase que as mesmas regras do Futsal. Entretanto, algumas das regras do Futebol de 5 foram estabelecidas pela International Blind Sport Federation – IBSA (Federação Internacional de Esportes para Cegos), na intenção de motivar a prática e proporcionar maior dinamismo no jogo, a partir das dificuldades apresentadas pelos atletas com deficiência visual.


Como o próprio nome sugere, os jogos ocorrem entre duas equipes de 5 atletas cada. Durante os jogos, os quatro atletas de linha devem usar vendas para garantir que todos estejam em iguais condições, enquanto o goleiro poderá ter visão total (desde que não tenha participado de competições oficiais da Fifa nos últimos cinco anos) ou baixa visão (B2 ou B3).



As partidas normalmente são em uma quadra de futsal adaptada, porém, desde os Jogos Paralímpicos de Atenas, em 2004, as partidas também são praticadas em campos de grama sintética, com as mesmas medidas e regras do Futsal.


Além dos atletas, a equipe possui um guia, o chamador, que fica atrás do gol de ataque, orientando os atletas do seu time, quanto à direção do gol, a quantidade de marcadores, a posição da defesa adversária, as possibilidades de jogada e demais informações úteis. É o chamador que bate nas traves, normalmente com uma base de metal, quando vai ser cobrada uma falta, um pênalti ou um tiro livre (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais). Entretanto, o chamador poderá dar orientações ao seu time apenas quando o atleta, com posse de bola, estiver no terço da quadra destinado ao ataque.


Quando o atleta está com a bola no terço central da quadra, a função de orientar a equipe é do técnico. Quando o atleta está no terço de defesa, a orientação é feita pelo goleiro de sua equipe.



Medindo no máximo 42 metros e no mínimo 38 metros de comprimento, por 20 metros de largura, o campo para o Futebol de 5 possui uma banda lateral (uma espécie de barreira feita com placas de madeira e espuma) que se estende de uma linha de fundo à outra, tendo no mínimo 1 metro e no máximo 1,20 metros de altura, e inclinação não superior a 10 graus para o exterior.


Diferentemente de um estádio de futebol e ginásios de futsal, as partidas de Futebol de 5 são silenciosas, em locais sem eco. A torcida só pode se manifestar na hora do gol. O silêncio é fundamental pois, além das orientações passadas durante o jogo pelo chamador, técnico e goleiro, os atletas precisam escutar os guizos da bola.


Durante o jogo os jogadores são obrigados a falar a palavra espanhola "voy" ("vou" em português), sempre que se deslocarem em direção à bola, na tentativa de se evitar choques. Quando isso não acontece, o juiz marca falta contra a equipe.


O jogo é dividido em dois tempos de 15 minutos, com 10 minutos de intervalo. Cada time pode cometer quatro faltas por período. A partir da quinta, um tiro livre da marca de 8 metros, sem formação de barreira, é concedido ao time adversário.




Futebol B2/B3


Diferente da modalidade apresentada anteriormente, o Futebol B2/B3 não faz parte dos Jogos Paralímpicos. Segundo a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV), no Brasil existem poucas equipes e, anualmente, possuem apenas um campeonato oficial.


A modalidade é praticada por atletas com baixa visão, com classificação oftalmológica B2 e B3, em uma quadra 40mx20m. Eles atuam juntos, sem a necessidade de venda para cobrir os olhos. As adaptações em relação ao futsal convencional são mínimas, apenas sugerindo a cor da bola em contraste a do piso que é disputada uma partida com o objetivo de torna-la o mais visível possível. É obrigatório que as equipes tenham no mínimo dois atletas classificados como B2 em quadra. E os atletas B3 precisam ser identificados com uma braçadeira – diferente da cor da camiseta do uniforme – no braço direito (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais).

 

Referências


BLIND FOOTBALL LAWS 2022-2025. International Blind Sports Federation. Disponível em: https://www.dropbox.com/s/eaiy3xfeq38w4ww/Regras%20Oficiais%20Futebol%20de%20Cegos_2021-2025.pdf?dl=0


FUTEBOL DE CEGOS. Comitê Paralímpico Brasileiro. Disponível em: https://cpb.org.br/modalidades/futebol-de-cegos/


HISTORY. International Blind Sports Federation. Disponível em: https://blindfootball.sport/about-football/history/


REGRAS. Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais. Disponível em: https://www.cbdv.org.br/modalidades/futebol-de-cegos/regras


TOSIM, Alessandro; TRAPP, Altemir; MORATO, Marcio Pereira; CAMPOS, Luis Felipe Castelli Correia de. Pedagogia do Paradesporto: Modalidades coletivas para pessoas com deficiência visual. In.: WINCKLER, Ciro (Org.). Pedagogia do Paradesporto. Santos, SP : Ed. do Autor, 2023.

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