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Circo (Artes/Atividades circenses)

É imprescindível compreender as artes/atividades circenses enquanto produto da atividade humana. Cada um dos elementos que constituem o circo - como por exemplo o malabarismo, o equilibrismo, a mímica, a mágica, e o “ser” palhaço - é carregado de significados e sentidos que foram sendo construídos e transformados historicamente pela humanidade.


Por muito tempo, o circo manteve certas características marcantes, como o nomadismo (a não fixação em um lugar por muito tempo) e a forma coletiva, baseada na transmissão oral de geração em geração, da constituição do artista circense. A organização familiar era a base de sustentação do circo, inclusive no que se refere às relações de trabalho (REIS; PEREIRA; TORRES, 2013).


No século XIX, contrapondo-se à ideia dos exercícios físicos com finalidades específicas (mão de obra e controle social, por exemplo), o circo possibilitava a liberdade e o lúdico. Esses artistas, estrangeiros e nômades, eram cada vez mais temidos e marginalizados pela elite, pois:


[...] traziam o corpo como espetáculo. Invertiam a ordem das coisas. Andavam com as mãos, lançavam-se ao espaço, contorciam-se e encaixavam-se em potes, em cestos, imitavam os bichos, vozes, produziam sons com as mais diferentes partes do corpo, cuspiam fogo, vertiam líquidos inesperados, gargalhavam, viviam em grupos. Opunham-se assim aos novos cânones do corpo acabado, perfeito, fechado, limpo e isolado que a ciência construíra, da vida fixa e disciplinada que a nova ordem exigia (SOARES, 2005, p. 25).

Ao mesmo tempo em que hoje as atividades circenses viraram nicho de mercado, ganhando cada vez mais espaço e visibilidade em academias, clubes e escolas, houve uma diminuição no número de circos no país. Em 1970, no Brasil havia mais de 2000 companhias circenses, em 2009 esse número caiu para 500.


Assim, o conteúdo circo nas aulas deve ir além das repetições e técnicas de gestos, aprofundando em reflexões que dialoguem com a realidade social em que o aluno está inserido: por que não temos tantos circos como antigamente? Quais as condições de trabalho do artista do Cirque de Soleil e do artista de um circo familiar? São algumas reflexões possíveis e necessárias.



 

Referências:


SOARES, C. L. Imagens da educação no corpo: estudos a partir da ginástica francesa no século XIX. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2005.


REIS, A. P.; PEREIRA, C. C. C.; TORRES, F. D. G. O lugar e a hora do circo na escola: reflexões sobre a reinvenção da cultura circense na sociedade contemporânea. In.: REIS, A. P. et al. (Orgs.). Pedagogia Histórico-Crítica e Educação Física. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2013.


Imagem da capa disponibilizada pelo Circo Laheto. Disponível em: https://www.facebook.com/CircoLaheto/photos

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