O Bilboquê ou Biloquê - assim como conhecido em algumas regiões do Brasil - é um brinquedo que consiste em fazer uma bola, ou outro objeto, presa por um cordão, se conectar a um pequeno bastão ou pino, realizando movimentos com uma das mãos.
Não se sabe ao certo as informações de origem do Bilboquê, entretanto, segundo o Elliott Avedon Museum and Archive of Games (2010), a partir de análises de imagens antigas é possível perceber que esse brinquedo já era comum na França, entre os séculos 16 e 18. Além disso, pinturas europeias indicam que o Bilboquet era jogado nos tribunais reais da Europa e, provavelmente, nas ruas também. Brinquedos com o mesmo objetivo são encontrados em outras culturas e países, como no Japão, México, Ártico e entre algumas tribos indígenas da América do Norte.
Em cada região do mundo esse brinquedo recebe nomes e formatos diferentes. Nas imagens abaixo estão alguns dos tipos de bilboquê existentes no mundo:
Belmiro de Almeida (1858-1935), importante artista brasileiro - pintor, desenhista, caricaturista, escultor, professor, escritor - que, durante a passagem do século XIX para o século XX, empreende uma pintura nova, "ao deixar de lado temas históricos para se ocupar de assuntos mais prosaicos da sociedade contemporânea" (Enciclopédia, 2024), realiza uma pintura chamada Dois meninos jogando bilboquê, o que nos leva a perceber que nesse período a brincadeira era comum entre as crianças brasileiras.
Corroborando com essa dedução, Luchese (s.d.) diz que a difusão e comercialização desse brinquedo no Brasil inicia-se na segunda metade do século XIX.
Torna-se mais comum a oferta de venda de brinquedos em geral e do bilboquê em particular, ao longo do século XX, em outras regiões do país. Em leilão efetuado em janeiro de 1872, como parte do catálogo posto à venda, no lote 76 estava “1 cestinha, 1 espanador e bilboquet e 1 bandeja” como parte dos objetos de uma Saleta (JORNAL DO COMÉRCIO, 18/01/1872, p. 02). No Natal de 1885, o jornal Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro anunciava em sua página, dentre os vários brinquedos disponíveis na rua da Assembleia, 111, a venda de bilboquês “brinquedo útil para as crianças” (GAZETA DE NOTÍCIAS, 25/12/1885, p. 6).
O Bilboquê, ou Biloquê, é uma brincadeira tradicional, que extrapola fronteiras entre países. Fácil de ser construído, utilizando diferentes materiais reciclados e adaptados, torna-se uma possibilidade para construção pelos próprios alunos e crianças em geral. Assim como o brinquedo usado pelo personagem Chaves, do seriado mexicano Chaves (El Chavo del ocho, 1973), uma dessas possibilidades de construção usa uma lata de metal ou de alumínio (de extrato de tomate ou de leite em pó, por exemplo) presa, por um cordão, no meio de um pedaço de madeira.
Outra possibilidade, mais fácil ainda de ser feita, usa apenas um pedaço de garrafa pet e uma tampinha, presa à "boca" da garrafa, por um cordão.
Referências:
BELMIRO de Almeida. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa22617/belmiro-de-almeida. Acesso em: 25 de abril de 2024. Verbete da Enciclopédia.
ELLIOTT AVEDON VIRTUAL MUSEUM OF GAMES. Bilboquet: Cup and Ball or Ring and Pin Games. University of Waterloo, 2010. Disponível em: https://healthy.uwaterloo.ca/museum/VirtualExhibits/bilboquet/pages/index.html . Acesso em: 25 de abril de 2024.
LUCHESE, Terciane Ângela. Bilboquet. Disponível em: https://www.mulhereseeducacao.uerj.br/exposicao/6