top of page

Ballet (Balé)

O Ballet (balé, em português) é uma dança, uma forma de arte criada pelo movimento do corpo humano. Apresentada em formato teatral/de espetáculo, encenado em um palco para um público utilizando figurino, cenografia e iluminação. Pode contar uma história ou expressar um pensamento, conceito ou emoção. A dança de balé pode ser mágica, excitante, provocante ou perturbadora.


Maribel Portinari (1989), em seu livro História da Dança, apresenta que em Milão, entre 1435 e 1436, houve o primeiro tratado sobre a dança. Esse tratado foi escrito para a nobreza, sendo um código que criava diversas minúcias que só eram acessíveis ao entendimento dos mestres de dança. A partir desse tratado, outros documentos foram sendo escritos, e um deles conceituou o balleto, um tipo de dança para ser realizada nas cortes renascentistas como forma de entretenimento.


Segundo Bourcier (2001 apud Falcão; Martins; Silva, 2020), por volta de 1496 e 1501 foi encontrado o primeiro o livro sobre dança: L’Art et Instruction de biendancer, de Michel Toulouze.


Ossona (1988, p. 73) comenta que no Renascimento o balé assumiu uma característica de espetáculo dançante, sendo apresentado em um teatro com uma platéia que habitualmente pagava por seu ingresso; foi quando nasceu o balé tal como o conhecemos hoje (ASSUMPÇÃO, 2003, p. 3).

Durante os séculos XV e XVI, a técnica de dança se formalizou. O epicentro da arte mudou-se para França, após o casamento da aristocrata italiana Catarina de Médicis com o aristocrata francês Henrique II. Segundo a São Paulo Companhia de Dança, Balthasar de Beaujoyeulx -  coreógrafo, compositor e violinista franco-italiano, servo da corte de Catarina de Médici, tutor musical dos filhos da rainha e responsável por desenvolver entretenimentos para a corte - idealizou o Ballet Comique de la Reine, em 1581, que inaugurou uma longa tradição de balés pela corte na França, atingindo seu auge com Luís XIV, em meados do século XVII.


O Balé conta o mito da Deusa Circe, que aprisiona marinheiros de Odisseu, o herói da Odisséia e da batalha de Tróia, enfeitiçando-os. O Ballet foi apresentado na ocasião do casamento da irmã da rainha, como um presente de entretenimento para a corte. Com um desenvolvimento conjunto de texto, trilha sonora e cenografia, é a primeira proposta de um teatro total (que englobasse todas as artes em prol da apresentação). A Coreografia era dividida em um prólogo, seis entradas e um gran finale, sendo a primeira de que se tem notícia a fazer essa construção, posteriormente tornada comum, de finais exagerados. O ballet, que durava cinco horas e meia tinha a coreografia majoritariamente geometrizada, como era o costume da época. Uma das entradas que ficaram célebres, com 15 bailarinos, apresentava 40 formações diferentes, sendo que todas elas, assim como seus bailarinos, ficavam voltados para o rei o tempo todo. O Ballet Comique de La Reine definiu o gênero do Ballet de Corte, tornando-se seu molde, que foi copiado durante todo o século seguinte (São Paulo Companhia de Dança).

As obras de balé de corte, originadas a partir dessa obra, eram montadas especificamente para cada uma das situações em que eram apresentadas, sendo que os próprios textos e coreografias eram propostas de significação específicas para aquele contexto, frequentemente, de forma que não eram, em geral, remontados pela sua sociedade. Apesar de haver grande interesse histórico nesses balés, todo o acesso a eles vêm da literatura, já que não houve manutenção (e sequer composição) de um repertório.


Assim como apresenta a Pittsburgh Ballet Theatre (PBT), no ano de


1661, uma academia de dança foi aberta em Paris, e em 1681 o balé passou das cortes para o palco. A ópera francesa Le Triomphe de l'Amour incorporou elementos de balé, criando uma longa tradição de ópera-balé na França. Em meados de 1700, o mestre de balé francês Jean Georges Noverre rebelou-se contra o artifício da ópera-balé, acreditando que o balé poderia se sustentar por si só como uma forma de arte. Suas noções – de que o balé deveria conter movimentos expressivos e dramáticos que revelassem as relações entre os personagens – introduziram o ballet d'action, um estilo dramático de balé que transmite uma narrativa. A obra de Noverre é considerada a precursora dos balés narrativos do século 19 (Pittsburgh Ballet Theatre, tradução livre).

De forma didática, para uma compreensão inicial, podemos dividir o Balé a partir do século 19 em duas fases:


  • Balé Romantico:

    • Os primeiros balés clássicos, como Giselle e La Sylphide, foram criados durante o Movimento Romântico na primeira metade do século 19. Esse movimento influenciou a arte, a música e o balé. Preocupava-se com o mundo sobrenatural dos espíritos e da magia e muitas vezes mostrava as mulheres como passivas e frágeis. Esses temas se refletem nos balés da época e são chamados de balés românticos. Este também é o período em que dançar nas pontas dos dedos dos pés, conhecido como trabalho de ponta, tornou-se a norma para a bailarina. O tutu romântico, uma saia cheia de tule no comprimento da panturrilha, foi introduzido (Pittsburgh Ballet Theatre, tradução livre).


  • Balé Clássico:

    • A popularidade do balé disparou na Rússia e, durante a segunda metade do século 19, coreógrafos e compositores russos o levaram a novos patamares. O Quebra-Nozes, A Bela Adormecida e O Lago dos Cisnes, de Marius Petipa, de Petipa e Lev Ivanov, representam o balé clássico em sua forma mais grandiosa. O objetivo principal era mostrar a técnica clássica – trabalho de ponta, altas extensões, precisão de movimento e turn-out (a rotação externa das pernas a partir do quadril) – ao máximo. Sequências complicadas que mostram passos exigentes, saltos e voltas foram coreografadas nas histórias. O tutu clássico, muito mais curto e rígido que o tutu romântico, foi introduzido nessa época para revelar as pernas de uma bailarina e a dificuldade de seus movimentos e trabalhos com os pés (Pittsburgh Ballet Theatre, tradução livre).



Ainda segundo a Pittsburgh Ballet Theatre (PBT), no início do século 20, os coreógrafos russos Sergei Diaghilev e Michel Fokine começaram a experimentar o movimento e o figurino, ultrapassando os limites da forma e da história do balé clássico. Diaghilev colaborou com o compositor Igor Stravinsky no balé A Sagração da Primavera, uma obra tão diferente - com sua música dissonante, sua história de sacrifício humano e seus movimentos desconhecidos - que causou revolta no público. O coreógrafo e fundador do New York City Ballet, George Balanchine, um russo que emigrou para os Estados Unidos da América, mudaria ainda mais o balé. Ele introduziu o que hoje é conhecido como balé neoclássico, uma expansão da forma clássica. Ele também é considerado por muitos como o maior inovador do balé contemporâneo "sem enredo". Sem um enredo definido, seu objetivo é usar o movimento para expressar a música e iluminar a emoção e o esforço humanos. Hoje, o balé é multifacetado. Formas clássicas, histórias tradicionais e inovações coreográficas contemporâneas se entrelaçam para produzir o caráter do balé moderno.



Uma das marcas registradas do Balé, são as sapatilhas de ponta, usadas pelas bailarinas durante as apresentações.


Embora acredita-se que essa técnica seja um pouco mais antiga, a primeira bailarina, que se tem registro, a usar uma sapatilha de ponta foi a italiana Maria Taglioni, no início da década de 1830. Segundo a Pittsburgh Ballet Theatre, Taglioni e seus contemporâneos encheram os dedos de seus sapatos macios com amido e outros materiais, mas logo os sapateiros italianos fizeram sapatos mais duros para eles usando papel, estopa e cetim. Este protótipo evoluiu para a moderna sapatilha de ponta.



Atualmente existem alguns tipos de Ballet:


  • Balés de história:

    • Eles contêm ação narrativa, personagens, um começo e um fim. O Quebra-Nozes e A Bela Adormecida são balés famosos do século 19; Histórias clássicas e romances como O Grande Gatsby e Os Três Mosqueteiros também foram transformados em balés.

  • Balés sem enredo:

    • Ao invés de terem enredo, usam o movimento do corpo e elementos teatrais para interpretar música, criar uma imagem ou expressar ou provocar emoção. O coreógrafo George Balanchine foi um prolífico criador de balés sem enredo.


Os sapatos de ponta parecem delicados, mas na verdade não são. A ponta do sapato é uma caixa rígida feita de camadas densamente embaladas de tecido, papelão e/ou papel endurecido por cola. A Escola Bolshoi Brasil, em seu canal do Youtube, disponibilizou uma série de pequenos vídeos sobre as sapatilhas de ponta:



No balé, há cinco posições básicas dos pés, numeradas de um a cinco, entretanto, atualmente, a terceira posição é pouco utilizada devido a sua semelhança com a quinta posição. Cada uma das posições utiliza turn-out, ou uma rotação de 90 graus da perna a partir da articulação do quadril. Além das posições de pernas, há os movimentos de braços, referente a cada posição (Ver imagem abaixo).



No Ballet, assim como em outras danças, há vários passos e movimentos realizados nas coreografias. Abaixo estão três movimentos iniciais, mas fundamentais, para o ensino, aprendizagem e prática do Ballet:


  • plie (plee-ay): dobrar. Mantendo os dois pés apoiados no chão o tempo todo, dobre os joelhos. Nesse movimento, os joelhos deverão ficar diretamente sobre os dedos dos pés.


Movimento Plie realizado pela bailarina, do PBT Corps de Ballet, JoAnna Schmidt


  • releve (ruh-leh-vay'): subir. Isso pode ser feito com um pé ou com os dois pés juntos. Comece com os pés juntos, mantenha os joelhos retos e levante os calcanhares altos o suficiente para que todo o seu peso corporal esteja nas bolas dos pés – NÃO nas pontas dos dedos dos pés. Repita isso com um pé.


Movimento Releve realizado pela bailarina, do PBT Corps de Ballet, JoAnna Schmidt


  • saute (soh-tay): pular. Esse tipo de salto é realizado "de dois pés a dois pés". Isso significa que você sai do chão pulando dos dois pés ao mesmo tempo e pousa com os dois pés ao mesmo tempo. Comece em um plie (conforme descrito acima). Usando os pés da mesma forma que você fez para realizar o relev, impulsione-se no ar. Certifique-se de endireitar e estender as pernas no ar, mas pouse em plie para amortecer os joelhos.


Movimento Saute realizado pelo bailarino, do PBT Corps de Ballet, Corey Bourbonniere


A seguir deixaremos três vídeos, sendo dois de interpretações de uma mesma dança, A Morte do Cisne, e outro de uma "ex-bailarina", que nos seus tempos de juventude foi a primeira bailarina principal de ballet em Nova Iorque.


A Morte do Cisne foi criado em 1905 por Michel Fokine (1880-1942) para a grande bailarina Anna Pavlova (1881-1931). Este balé, com a música “O cisne” de “O carnaval dos bichos” (“Le Carnaval des Animaux“), de Camile Saint-Saens (1835-1921), foi composto em 1875 e se tornou o balé assinatura da carreira da bailarina russa.


A Morte do Cisne, por Natalia Osipova (The Royal Ballet) - 2020



A Morte do Cisne, por John Lennon da Silva, no estilo Street Dance



Marta González, primeira bailarina principal de ballet em Nova Iorque


 

Referências


ASSUMPÇÃO, Andréa Cristhina Rufino. O balé clássico e a dança contemporânea na formação humana: caminhos para a emancipação. Pensar a Prática 6: 1-19, Jul./Jun. 2002-2003



Escola Bolshoi Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/@EscolaBolshoiBrasil


FALCÃO, Hilda Torres; MARTINS, Juliana Leite; SILVA, Pâmela Sobral Monteiro da. Para além dos fouettés: O balé clássico e seus caminhos. Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8 , p.61215-61233, aug. 2020


Pittsburgh Ballet Theatre - PTB. A Brief History of Ballet. Disponível em: https://www.pbt.org/learn-and-engage/resources-audience-members/ballet-101/brief-history-ballet/


Pittsburgh Ballet Theatre - PTB. Basic Ballet Positions. Disponível em: https://www.pbt.org/learn-and-engage/resources-audience-members/ballet-101/basic-ballet-positions/


PORTINARI, Maribel. História da dança. Editora Nova Fronteira, 1989.


São Paulo Companhia de Dança. Ballet Comique de la Reine. Disponível em: https://spcd.com.br/verbete/ballet-comique-de-la-reine/

Comments


bottom of page