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As Pastorinhas

Dentre as várias manifestações culturais trazidas durante as primeiras décadas da colonização portuguesa e catequização jesuítica, hoje o Almanaque da Cultura Corporal apresentará a dança-teatro As Pastorinhas.


Segundo Tereza Caroline Lôbo, As Pastorinhas foram introduzidas no Brasil pelos jesuítas no século XVI. Essa dança-teatro se caracteriza por representações repletas de cores e movimentos, acompanhadas por cantos e danças dramatizadas, geralmente por mulheres.


Waldomiro Bariani Ortêncio (2009), em seu Dicionário do Brasil Central, apresenta que As Pastorinhas é um folguedo infantil. Luís Câmara Cascudo, em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, diz que o termo Pastorinhas é o mesmo que Pastoril: "Cantos, louvações, loas, entoadas diante do presépio na noite do Natal, aguardando-se a missa da meia-noite" (Cascudo, 2012, p. 536). O autor continua:


Representavam a visita dos pastores ao estábulo de Belém, ofertas, louvores, pedidos de bênção. Os grupos que cantavam vestiam de pastores, e ocorria a presença de elementos para uma nota de comicidade, o velho, o vilão, o saloio, o soldado, o marujo, etc. Os pastoris foram evoluindo para os autos, pequeninas peças de sentido apologético, com enredo próprio, divididos em episódios, que tomavam a denominação quinhentista de "jornadas" e ainda a mantêm no nordeste do Brasil (Cascudo, 2012, p. 536).

A partir do século XVI As Pastorinhas se disseminou por todas as regiões do país, cada uma com suas características distintas. Originalmente coordenada pelas igrejas católicas nas cidades, hoje é preservada pelas próprias comunidades, celebrando o nascimento do menino Jesus e a rica cultura do Natal.


Na região norte do Brasil, por exemplo, as representações são realizadas por mulheres, enquanto em Pirenópolis, cidade localizada no estado de Goiás (região centro-oeste do país), essa é uma representação feita por meninas de até 10 anos de idade.


Nessa apresentação, focaremos nas características das representações realizadas em Pirenópolis/GO, uma vez que, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN, 2017), As Pastorinhas é um auto de Natal muito popular no Nordeste, e que foi levado pela primeira vez em Pirenópolis durante a Festa do Divino de 1923. Devido ao seu sucesso entre a população, desde então passou a ser incorporado à programação oficial da Festa do Divino Espírito Santo da cidade.


De forma geral, a peça é dividida em três atos e é composta por 46 canções e 12 árias. O elenco inclui as filhas de famílias tradicionais locais, que desempenham os papéis das 24 pastoras que fazem parte do cordão vermelho e do cordão azul. Além disso, há outras personagens femininas, como Fé, Esperança, Caridade, Cigana, Anjo, Diana e Religião. Os homens assumem os papéis de Simão (o velho, representado por Pompeu de Pina por mais de 30 anos), Benjamin (o menino) e Luzbel (o capeta). Uma pequena orquestra também participa do espetáculo (IPHAN, 2017).


Segundo o Portal de Pirenópolis:


A peça narra a história do nascimento de Jesus Cristo. As pastorinhas são lideradas por um pastor conhecido como Velho Simão. Recebem o anúncio primeiramente em sonhos pela pastorinha Mestra e depois por uma aparição do anjo Gabriel. Assim os pastores decidem ir a Belém visitar o filho de Deus, que acabara de nascer. Durante o percurso, o diabo as persegue. Uma das pastorinhas, conhecida como Contra Mestra se perde de suas companheiras. Então, o diabo, disfarçado, tenta seduzi-la, oferecendo-lhe os chamados prazeres do mundo. Ela resiste e então é salva pelo anjo Gabriel. Chegam a Belém, deixam flores na manjedoura e retornam aos campos, felizes com a recompensa da visão do filho de Deus.

Apesar de sua natureza natalina, a dança-teatro As Pastorinhas sempre foi apresentada durante a Festa do Divino, que ocorre no período de Pentecostes, entre o final de maio e o início de junho. Durante esses doze dias de celebrações, há novenas, folias, procissões, missas, mascarados, cavalhadas e congadas.



Fonte: Pastorinhas 2023 - Pirenópolis-GO. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=79mpgQAv3SQ&t=814s


 

Referências:


As Pastorinhas de Pirenópolis. Portal de Pirenópolis. Disponível em: https://www.pirenopolis.com.br/noticias/1024-as-pastorinhas-de-pirenopolis


CASCUDO, Luís Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 12. ed. São Paulo: Global, 2012.


CURADO, João Guilherme da Trindade. Pastoras do cordão azul em primeiro plano. Disponíevel em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/50/o/As_Pastorinhas_03.JPG


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis – Goiás. Yêda Barbosa (Coord.). Brasília, DF: Iphan, 2017. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/dossie17_pirenopolis.pdf


LÔBO, Tereza Caroline. As Pastorinhas de Pirenópolis-GO. IESA - Instituto de Estudos Sócio-Ambientais - Lux Festa: Festas Populares. Disponível em: https://festaspopulares.iesa.ufg.br/p/554-as-pastorinhas-de-pirenopolis-go


ORTÊNCIO, Waldomiro Bariani. Dicionário do Brasil Central. 2. ed. Goiânia: ICBC, 2009.

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