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Judô

O Judô é uma arte marcial de origem japonesa. Segundo histórias sobre sua origem, Jigoro Kano, que era pequeno e franzino, começou a praticar jiu-jítsu na intenção de melhorar sua saúde e aumentar sua força. Porém, com o tempo, sua frustração foi aumentando, uma vez que essa era uma luta que favorecia aqueles que eram dotados de muita força física. Desta frustração, surgiu a ideia de modificar o jiu-jítsu e criar o Judô (SILVA; RODRIGUES; BUENO, 2007).


Jigoro Kano (1860-1938), mestre responsável pela fundamentação e criação do Judô, o "caminho suave". Kano morreu aos 77 anos, no dia 04 de maio de 1938, quando voltava de Cairo, onde estava participando da Assembléia Geral do Comitê Internacional dos Jogos Olímpicos. No ano de 1951 aconteceu o primeiro campeonato Europeu, em Paris, onde foi fundada a Federação Internacional de Judô, que teve como primeiro presidente Risei Kano, filho de Jigoro Kano.


Diferente do jiu-jítsu que baseava-se no shin-ken-shobu (vencer ou morrer), o Judô se baseava na lenda da origem do estilo Yoshin-Ryu (Escola do Coração de Salgueiro): “ceder para vencer”. O Judô de Jigoro Kano se baseia no melhor uso da energia que existe dentro de cada pessoa: “Ju” (suave) e “Do” (que nos leva a perfeição).


Bull (2022b) apresenta que as artes marciais japonesas podem ser divididas em três períodos: o período do Bujutsu, os tempos do Bugei e os do Budô. O “Bu”, presente nas três palavras, significa, segundo Bull (2022a), “marcial; que se refere a coisas de artes de guerra”. Porém, numa análise mais aprofundada, analisando a origem do Kanji:

 

vemos que ele é formado por outros 2 caracteres, um “hoko” representando a lança, a alabarda ou o machado, como é possível identificar visualmente em seu formato, mas sua representação mais ampla é a de armas em geral, pois os kanji muitas vezes oferecem uma interpretação que vai além de um único e estreito significado, eles podem representar uma ideia. O outro “tomeru”, representa parar, interromper. Quase que uma pessoa os dois braços levantados ou duas escoras. Com a junção de ambos temos como representação o pensamento de interromper as armas (CANAL BUDO, 2020a).

O primeiro período, segundo Bull, é o Bujutsu. Numa tradução literal, Bujutsu pode ser entendido como "conjunto de artes de guerra" (Bull, 2022a, p. 472). São técnicas primitivas de lutas usadas em épocas de guerra. Nesse período, era natural que os próprios guerreiros procurassem sistemas de práticas de defesa e ataque e que esses sistemas fossem desenvolvidos entre os próprios guerreiros.


O segundo período, segundo Bull (2022b), é o período Bugei - significa, numa tradução literal, “prática guerreira onde todos os recursos eram admitidos” (Bull, 2022a, p. 472). Esse período surge como consequência da necessidade militar. As técnicas existentes até então foram classificadas, surgindo várias escolas (Ryu), com os primeiros mestres famosos.


O terceiro é o período Budô - significa, numa tradução literal, “artes marciais usadas como filosofia; caminho de vida marcial” (Bull, 2022a, p. 472). Essa palavra é a junção de dois ideogramas: Bu + Do. “Bu”, como já vimos, refere-se ao pensamento de interromper as armas, os conflitos; já o ideograma “Do”, “designa o caminho, a via. É composto de duas partes: a de baixo significa um pé, e quer dizer a ‘ação seguinte’, a parte de cima, é uma representação de uma cabeça. Assim, a ideia de ‘Michi’, Caminho [...]” (BULL, 2022a).


Precisamos compreender que essas mudanças não ocorrem de forma abrupta, de uma hora para outra. Pelo contrário, aconteceu de forma orgânica, seguindo os acontecimentos sociais da região. Segundo Bull (2022a), um dos principais motivos da transformação das artes (técnicas) de guerra – Bujutsu -, em caminhos marciais – Budô -, foi a introdução de armas de fogo no Japão, no século XVI, visto os habilidosos samurais se tornarem imponentes diante das balas. “A katana havia provocado o canhão, e o canhão saiu vencedor” (SETTE apud CANAL BUDO, 2020b).

 

Na medida que o Japão partiu para uma maior integração com o Ocidente, se modernizando na era Meiji (Séculos XIX e XX), estas artes marciais clássicas que haviam sobrevivido em todo o país foram reformadas por alguns praticantes brilhantes. Estes homens elevaram o treinamento destas práticas de artes marciais para "treinamentos para a vida" (BULL, 2022c, p. 110)

 

Daí a maioria das artes marciais japonesas terem agregado em seus nomes a palavra “Do”, como por exemplo: o Judô, o Kendo, o Kyudo, o Jukendo, o Karatê-Do, e o Aikido.


No ano de 1882 foi inaugurada a primeira escola de Judô do mundo, chamada de Kodokan (Instituto do Caminho da Fraternidade). Jigoro Kano se inspirou em três princípios para idealizar o Judô: Seiryoku-Zen-Yo (máxima eficiência com mínimo esforço); Jita-Kyoei (bem-estar e benefícios mútuos); e Ju (suavidade).


Com o aumento da imigração de japoneses para o Brasil, o Judô chega “nas bagagens” de Mitsuyo Maeda, o Conde Koma, e Ryuzo Ogawa (fundador do Budokan - primeira academia de projeção nacional).


As graduações conferidas aos judoístas se fazem por meio de faixas, conquistadas com o tempo de prática, idade, caráter moral, conhecimento técnico, desenvolvimento e comportamento. São divididas em oito graus de Kyu e 10 graus de Dan.


O objetivo máximo do Judô é projetar o adversário, de modo que ele coloque as costas no chão (Ippon). Como nem sempre é possível realizar o golpe perfeito, foram criadas pontuações de menor valor, mas de igual importância: “Koka”, quando o oponente cai sentado; “Yuko”, quando o oponente cai de lado; “Wazari”, é um ippon que não foi realizado com perfeição (após dois wazaris a luta se encerra); “Ippon”, o golpe perfeito; “Ossaekomi”, quando a luta é levada para o chão e há imobilização do adversário, que, com a contagem do árbitro, pode ser considerado um Koka, Yuko, Wazari ou Ippon.


Pensando de forma didático-pedagógica, Jigoro Kano criou o Gokyo-no-waza, uma importante ferramenta de ensino que classificava o momento de ensinamento das técnicas de acordo com a evolução pessoal do aluno e do grau de dificuldade de execução. Foram escolhidas a princípio 42 técnicas. A partir de 1920 foram reduzidas a 40 e subdivididas em cinco grupos de oito técnicas, totalizando assim 15 técnicas de ashi-waza (técnicas de perna), 10 de koshi-waza (técnicas de quadril), 10 de sutemi-waza (técnicas de sacrifício) e 5 de te-waza (técnicas de mão e braço).


O O-soto-gari é uma das 40 técnicas básicas do Judô. Está classificada como uma técnica de ashi-waza sendo a quinta técnica do primeiro grupo do Gokyo (Dai-ikyo) (Silva; Rodrigues; Bueno, 2007, p. 46-51).



O Harai-goshi é uma das 40 técnicas básicas do Judô. Está classificada como uma técnica de koshi-waza, sendo a sétima técnica do segundo grupo do Gokyo (Dai-nikyo). Além disso, pode ser classificada como uma técnica de Nage-waza (técnica de projeção) (Silva; Rodrigues; Bueno, 2007, p. 62).


Rafaela Silva é medalha de ouro para o Brasil no Judô (Jogos Pan-Americanos, Santiago 2023) - (https://www.youtube.com/watch?v=M3Bjh1X4jxU)

 

Referências:


BULL, Wagner José. Aikido: o caminho da sabedoria: a técnica. São Paulo: Editora Pensamento, 2022a.


BULL, Wagner José. Aikido: o caminho da sabedoria: a teoria. São Paulo: Editora Pensamento, 2022b.


BULL, Wagner José. Aikido: o caminho da sabedoria: Dobun história e cultura. São Paulo: Editora Pensamento, 2022c.


CANAL BUDO. Budo - parte 1 - o que significa budo? O que os caracteres (kanji) podem nos dizer sobre essa ideia. Canal Budo, 2020a. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MGAuFUnbwzQ


CANAL BUDO. Budo - parte 2 - a transformação de bu jutsu (técnica) marcial para bu do (caminho) marcial. Canal Budo, 2020b. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sqs1ww-VzYE


CANAL BUDO. Budo - parte 3 - a educação como fator transformador para a nação - 武道. Canal Budo, 2020c. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FbMtqqTUB0c


SILVA, Ney Wilson Pereira da; RODRIGUES, Priscila Coellen de Almeida; BUENO, Fábio Amador. Judô: o caminho da suavidade. Editora Online, 2007.

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