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O que são Jogos e Brincadeiras tradicionais? De forma bem sucinta, podemos dizer que são brincadeiras passadas de geração para geração, geralmente de forma oral e a partir da observação e vivência entre os integrantes de uma determinada família, comunidade e/ou região.


Por esse motivo, podemos encontrar uma mesma brincadeira com regras diferentes, ou brincadeiras diferentes com regras iguais, em diferentes regiões de um mesmo estado e país. Por não terem nenhuma regra escrita, nenhum livro de regras que estipula uma única forma de praticar aquele determinado jogo (como acontece nos esportes), algumas informações, como origem, história e regras, são variáveis.


O Bete (também chamado de Bets, Taco, Bete Ombro, em outras regiões) é um caso que se enquadra em todas as características de Jogos e Brincadeiras Tradicionais citadas acima.


Neste sentido, dizer qual é a origem dessa brincadeira, é algo quase que impossível. Entre os pesquisadores e professores, há algumas teorias mais aceitas, sendo a principal que o Bete é uma adaptação do Cricket (esporte inglês). Alguns dizem que essa adaptação foi feita pelos próprios ingleses que vieram para o Brasil e que, durante as longas viagens em navios, jogavam o jogo adaptado nos porões como prática de lazer. Outros acreditam que essa adaptação aconteceu por jangadeiros brasileiros que tiveram contato com esse esporte, durante o século XVIII, e adaptaram para a realidade local.


Entretanto, segundo Cunha (2005), essa mesma explicação para o surgimento do Bete no Brasil, existe em Portugal:


Embora o povo brasileiro queira chamar a si a origem do jogo, não se conseguem ter certezas, isto porque existem pesquisas onde, nomeadamente em Portugal, no distrito da Lousã, na vila de Serpins, se afirma conhecer a sua prática há mais de 100 anos, chegando a pensar-se ser ele uma derivação do Cricket, trazido para Portugal pelas tropas Inglesas no séc. XVIII (Cunha, 2005, p. 10).

Cunha acredita que na realidade, o Bete foi trazido para o Brasil pelos próprios Portugueses.


Fato interessante é que no Brasil, na cidade de Alfenas, localizada no interior do estado de Minas Gerais, o jogo Bete é muito popular entre os habitantes,


que foi sempre jogado nas ruas por pessoas de diferentes idades sendo transmitido aos mais novos por observação e imitação dos mais velhos, desenvolvendo-se nas formas recreativa e também desportiva, o que originou um campeonato anual (Cambeta –Campeonato de Bete de Alfenas) como existe em qualquer outra modalidade (Cunha, 2005, p. 9).

A verdade é que nessas brincadeiras, a origem é o que menos importa. Por isso, apresentaremos as principais características deste jogo, muito popular nas cidades do estado de Goiás entre os anos de 1960 e 1990, praticado nas ruas, parques, quintais e escolas.


Devido a sua grande importância cultural, elemento da cultura corporal, defendemos que o Bete, assim como todas as outras brincadeiras tradicionais, devam estar presentes nas aulas de Educação Física!


Para jogar é muito simples: precisamos de duas duplas, dois tacos de madeira (mas podemos usar camadas de papelão para fazer um taco resistente e acessível para realidade escolar), uma bolinha resistente e dois objetos pequenos que serão nossas casinhas (pode ser latinha de refrigerante, garrafa PET etc.).



O espaço de jogo deve ser retangular, de aproximadamente 10 ou 15 metros de comprimento. Em cada extremidade ficará uma casinha, dentro de um círculo marcada no chão (pode ser feito de giz branco), chamado de base. Obs.: podemos notar semelhanças com outros esportes de taco, como o Baseball e o Cricket.


As duplas tomam seus lugares no campo: uma dupla com os tacos e uma dupla com a bolinha. Empunhando seus tacos, os jogadores se posicionam ao lado das casinhas, com cuidado para manter a ponta do taco dentro da base. É proibido retirá-la, sob pena de serem "queimados" e perderem a chance de marcar pontos.





A outra dupla se posicionará atrás das bases, um jogador em cada extremidade do campo (assim como na imagem acima). Um dos jogadores que estão sem os tacos, irá começar o jogo, jogando a bolinha contra a casinha do lado oposto do campo – o objetivo é derrubar a casinha oposta.


Após o arremesso da bolinha, podem acontecer as seguintes situações essas regras podem variar de região para região, não é fixo nem imutável):

  • Quando a bolinha é rebatida para frente ou para lateral do campo:

    • A dupla, com os tacos, corre para trocar de base enquanto a outra dupla tenta resgatar a bolinha rebatida. Ao passarem um pelo outro, no meio do campo, os jogadores vão cruzar os tacos (bater um no outro). Se a dupla conseguir fazer esse movimento de 4 a 5 vezes (depende das regras da brincadeira), a dupla ganha o jogo.

  • Quando a bolinha é rebatida com pouca força e não passa da base oposta:

    • O jogador que havia arremessado poderá fazer um novo arremesso, porém, dessa vez, o arremesso será feito do local em que a bolinha parou.

  • Se após encostar no taco, a bolinha vai para trás da sua própria base:

    • É marcado o "1 para trás" ou "Bete costas". Com três dessas a dupla de tacos perde o jogo.

  • Se a bolinha for rebatida mas for pega pela dupla adversária ainda no ar, sem ter encostado no chão:

    • A dupla perde automaticamente a posse do taco.

  • A bolinha passa pelo rebatedor e derruba a casinha:

    • A dupla perde automaticamente a posse do taco.

  • A bolinha passa pelo rebatedor mas não derruba a casinha:

    • O lançador pega a bolinha e prepara para o arremesso contra a casinha oposta.


Caso um dos jogadores com o taco não fiquem com o taco dentro da base, em contato com o chão, o lançador poderá lançar a bolinha na casinha que está na sua frente e derrubá-la. Caso faça isso, a dupla com os tacos perde a posse dos tacos.





Mas e ai... faltou alguma regra ou característica do Bete/Taco/Bete ombro ai da sua região? Deixe nos comentários e vamos trocar informações!


 

Referências


CUNHA, Ana Maria Silva e. O jogo do bete. Dissertação de licenciatura apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Univ. de Coimbra, 2005. Disponível em: https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/17422

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